Estudos sobre Franz Weissmann

Década 1990

Frederico Morais - A usina criativa de Franz Weissmann - 1994

"1. A imagem que quero guardar de Franz Weissmann, hoje com 80 anos, é a de um homem quieto, que vive calado no seu canto, como se estivesse sempre a ruminar pensamentos e obras.(...)
2. Ver o artista em seu ateliê, trabalhando, é ver a obra germinando, nascendo entre indecisões e dúvidas, entre avanços e recuos, entre o pânico de ser e a entrega. Mas este momento, a epifania da obra, seu desabrochar definitivo, quase sempre escapa ao crítico ou historiador de arte.(...)
3. Weissmann não desenha nem faz esboços gráficos para realizar suas esculturas. Começa com pequenos modelos de papelão. Faz ensaios sucessivos (...)
4. Em sua fase concreta/neoconcreta, Weissmann atuou no sentido de anular a presença do material, de torná-lo secundário ou acessório.(...)
5. Dentro, o vazio. Do lado de fora, a sombra. Virtualidades. A maioria das esculturas de Weissmann prescinde de base ou pedestal. (...)
6. Weissmann permaneceu quase seis anos fora do Brasil. Saíra daqui concreto, um rigoroso criador de estruturas geométricas, de sentido classicizante, e retornara gótico-expressionista. (...)
7. Artista construtivo, Weissmann encontrou no quadrado o arquétipo da beleza pura (...)
8. Mas em 1971, na Bienal de Escultura ao Ar Livre de Antuérpia, na Bélgica, Weissmann já antecipara a "destruição" desse templo da ordem e da perfeição, que seria revisto no ano seguinte, em Veneza, (...)
9. Vivendo uma época industrial, (...) lidando com materiais e técnicas correspondentes, Weissmann acaba por absorver, em seu trabalho, parte desse "conteúdo" industrial. Em suas esculturas de grande porte, públicas, esse substrato industrial é quase um estilo. (...)
10. O vazio e a sombra (virtualidades contrapostas: o não-ser e o duplo), a repetição (estrutura modular), a permutação, o corte, a dobra e a torção estão entre os elementos que compõem a poética weissmanniana. De todos esses elementos, o mais fundamental parece ser a torção (...)
11. (...) Quando a cor já se instalara irreversivelmente na obra de Weissmann, afirmei, com certa arrogância, que o problema da escultura não estava na cor, mas no espaço, (...) Mas a cor veio e provou que na escultura ela tem uma capacidade de irradiação muito maior do que na pintura.(...)
12. As esculturas de Weissmann já integram a paisagem de várias capitais brasileiras e, por sua beleza altiva e vigorosa, vão se transformando em marcos da cidadania (...) Num dos seus textos utópicos dos anos 60, Mário Pedrosa fala de uma "revolução da sensibilidade", que seria a grande revolução, a mais profunda e permanente. Mas alertava: "não serão os políticos, mesmo os atualmente mais radicais, nem os burocratas do Estado que irão realizá-la". Se essa revolução se realizar, será comandada por artistas do porte de Weissmann. (...)"

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Entrevista à Revista Gávea - 1996

"(...) Eu já comecei em ferro. Comecei já em vergalhões de ferro, chapas de ferro... Saindo aos poucos do figurativo. Até as minhas pinturas começaram a ser geometrizadas. Então já não era mais figura. Já tinha um conceito geométrico. Aí comecei a furar o cubo (...)  Achei que a figura geométrica mais simples era o cubo. Foi depois que vi as obras do Max Bill. (...) o Van Gogh foi o meu primeiro iniciador. Quando eu descobri a pintura de Van Gogh fiquei assim num estado de febre. (...) Calder, para mim é importantíssimo. Ele está no outro caminho, mas para mim é um dos grandes escultores.(...) Fontana foi importante para mim e uma descoberta (...) O Pevsner foi muito importante, ...construtivista. O Brancusi, claro. (...) Para mim a Lígia Clark foi muito importante. Uma artista muito avançada no tempo. (...) Agora com a nova tendência da informática... a doença do computador, a escultura virtual é a que aparece numa tela, não é? (...) A arte existe desde que o homem nasceu nesse mundo e ela continuará existindo de uma forma ou de outra"

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Edla Van Steen - Poetas do espaço e da cor - 1997

"(...) Trabalho para tentar me livrar do caos e do sofrimento do mundo (...) Há quem pense com música, há quem pense com palavras, há quem pense com imagens, há quem pense com formas e cores. (...) Acho muito difícil formar conceitos e teorias. (...) Confio mais na intuição que na inteligência (...) Não quero me perder em especificar as influências que todos nós sofremos até encontrar nosso próprio caminho. Não se pode nascer do nada. Tudo que nasce, nasce de alguma coisa. (...) Eu sempre quis ser pintor. (...) No Brasil é difícil porque não somos encaminhados para desenvolver as nossas vocações.(...) As crianças não são estimuladas, principalmente se são pobres.(...)"

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Ronaldo Brito - Discreta épica da forma - 1998

"Décadas de exercício coerente transformaram a obra de Franz Weissmann quase em sinônimo da moderna escultura urbana brasileira. (...) Ali, à vontade no que pessoalmente considero o seu autêntico habitat, as ruas e parques dos grandes centros urbanos, uma escultura de Franz Weissmann constitui um feliz paradoxo: a miragem concreta. Feita da mesma matéria anônima da arquitetura ao redor, confiante na sensibilidade comum, prenúncio de cosmo meio ao caos, ela atrai o nosso olhar para detê-lo num instante de reflexão visual autônoma. (...)"

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