Franz Weissmann - 1958 - Foto: Sascha Harnisch

Weissmann 1958

Franz Weissmann 2003 - Foto: Waltraud

Weissmann 2003

NO FIO DO ESPAÇO
Ferreira Gullar

A escultura brasileira mudou, ganhou nova dimensão, depois que nela surgiu e floresceu a obra de Franz Weissmann. Não há dúvida de que essa mudança seguiu uma das tendências escultóricas próprias do século XX e que se caracteriza pela substituição do volume pelo plano e o fio, pela valorização do espaço e não da massa. Trata-se de uma tendência internacional mas, dentro dela, Weissmann é uma voz de inconfundível lirismo. E se esse lirismo expressa-se na delicadeza e ambigüidade de volumes virtuais e planos de cor, adquire ainda maior sutileza nos Fios que ele reúne nesta mostra.

O fascínio de Franz Weissmann pela relação fio-espaço pode-se perceber já em alguns de seus trabalhos figurativos dos anos 40-50 mas, só depois que livrou o fio de toda referência figurativa, pode fazer dele um instrumento de exploração e revelação das múltiplas dimensões do vazio.

Costumo dizer que uma das características da arte do século XX foi a eliminação da fantasia em favor da construção racional. Isto é verdade até mesmo para a escultura de Weissmann mas só até certo ponto, pois ele soube, aos poucos, superar a racionalidade simples das primeiras obras construtivas para, finalmente, fazer dela instrumento de sua invenção espacial. Na verdade, as esculturas aqui expostas mostram-nos como o escultor consegue, sem romper a lógica da forma racionalmente concebida, revelar-nos sua potencial ambigüidade.

Rio, agosto de 2003