36a BIENAL DE VENEZA

A coerência estilística do percurso de Weissmann não corresponde a uma prototipia invariável, mas ao constante interesse de pesquisar a essencialidade da forma como problema específico da Gestalt. Por este aspecto a forma para Franz Weissmann se caracteriza mais como comportamento. Desde as primeiras esculturas, quando o estudo da forma ainda se relacionava à figura humana, como tema, já se poderia dizer que o plano da realidade, foi de fato o seu ponto de partida, mas jamais o ponto de chegada.

A sua presença entre os concretistas e os neo-concretistas de 1956 até 1960, não foi adesão ao alarido promocional de um novo estilo, mas sim a identificação de proposições à teorética de um movimento de vanguarda. De súbito, Weissmann abdica da linguagem formal (concretista), entre 1962 e 1965, enquanto residiu na Espanha e então produz a série de desenhos e relevos de placas de metal amassadas, convencionalmente catalogada como "informal". Retornando ao Rio de Janeiro (1965) volta às construções, ou como cânone definitivo de sua temática.

Estruturas lineares puras, espaços abertos, multiplicidade de unidades compositivas, em madeira e em chapas de metal, lhe permitiram desde então produzir a série mais representativa de seu acervo. Permitiram-lhe sobretudo conquistar o atributo cinético para o reduto formal de uma rigorosa catarsis, mediante o deslocamento e a re-articulação dos elementos estruturais.

Desse modo ampliou-se faculdade lúdica entregue ao consumidor, desde a escala dos modelos menores, comparáveis a brinquedos de armar, até os projetos de dimensionamento monumental estudados para a integração arquitetônica.

Weissmann parece ter atingido, no extremo da depuração da forma, os sinais suficientes para teorizar sobre a infinitude.

Sua produção atual tanto tem de escultura quanto de arquitetura, uma vez que está equacionada para ser entendida como uma imagem  sob leitura, ou como um envolvimento espacial. Os que o acompanham desde o começo dos cinqüenta, sabem que sua intenção mais íntima começa agora a se traduzir: ele nos propõe mais meditação que contemplação.
 

©Clarival do Prado Valladares, 1972